quarta-feira, 23 de março de 2011

A ESPADA SE IMPÔS À PRAÇA

O golpe militar que derrubou o ditador egípcio Hosni Mubarak apenas adia a questão central: o que acontecerá se os radicais islâmicos chegarem ao poder no Cairo?
No dia 11 de fevereiro de 2011, Hosni Mubarak, no poder há trinta anos, foi destituído pelos militares ao cabo de quase três semanas de protestos diários que chegaram a reunir 1 milhão de pessoas. No dia anterior, Mubarak fez um pronunciamento em que descartava a hipótese de renunciar antes das eleições presidenciais marcadas para setembro.
Os comandantes das Forças Armadas mantiveram a ordem consticuinal ao permitir que o vice-presidente, general Omar Suleiman (75 anos) assumisse a Presidência e fizesse ele mesmo o anúncio da queda do odiado Mubarak.
O regime que se vai era repressor, corrupto e inepto.
            A maioria dos eventuais eleitores egípcios tem simpatia pela Irmandade Muçulmana, de cuja agenda não consta um item sequer daqueles que definem a democracia. Um regime sob a égide dos fundamentalistas islâmicos garantiria:
  • Liberdade de culto religioso, que permitisse a construção de uma sinagoga judaica ou catedral católica no Cairo?
  • Liberdade de expressão, que possibilitasse a publicação nos jornais de charges com a representação gráfica de Alá?
  • Liberdade para as mulheres freqüentarem as praias de biquíni ou usarem minissaias nas ruas?
  • Liberdade para defender a existência do estado de Israel?
Segundo pesquisa recente feita com 1000 egípcios, 85% vêm a influência do Islã na política como positiva; 82% são a favor do apedrejamento de pessoas que fazem sexo fora do casamento; 77% apóiam a tradição árabe de cortar as mãos de ladrões; e 84% defendem a pena de morte para quem abandona o islamismo. Eis a sociedade em que se tem agora o desafio de instalar uma democracia.
            Omar Suleiman agiu à sombra de Mubarak, durante boa parte da carreira, tanto que era conhecido como o “ministro secreto” do governo. Tem o apoio das Forças Armadas, e conseguiu se manter longe da corrupção do governo, o que é bem-visto pela população.
            Em questões internacionais, Suleiman pensa como Mubarak. Ambos desconfiam do Irã, buscam aliar-se a Washington e apóiam o acordo de paz com os israelenses.

Fonte: Veja 16 02 2011 pg. 78-81

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