quinta-feira, 14 de julho de 2011

PORTUGUÊS – 27. A linguagem do Arcadismo

            Se observarmos a história da cultura, veremos que cada novo momento opõe-se ao anterior. O homem parece estar sempre insatisfeito com o rumo dos acontecimentos do seu tempo e, por isso, rompe com o presente, propondo algo novo. Porém, ao analisarmos o novo, notamos que muitos de seus elementos são mais antigos que os abandonados. É o velho que, misturado a certas tendências, volta à tona como novidade. Assim ocorreu com a cultura e a arte do século 18. Depois da onda de religiosidade e fé que se seguiu à Contra-Reforma – cuja expressão artística foi o Barroco –, houve um reflorescimento das tendências artístico-cientificas que haviam marcado o Renascimento.
            No século 18, as transformações que ocorriam no plano político e social – o fortalecimento político da burguesia, o aparecimento dos filósofos iluministas, o combate à Contra-Reforma, entre outras – exigiam dos artistas uma arte que atendesse às necessidades de expressão do ser humano naquele momento. O Neoclassicismo, também conhecido como Arcadismo, foi a resposta artística que a burguesia pôde dar a essa necessidade. Neste século, os esforços dos artistas e intelectuais concentraram-se no combate tanto à mentalidade religiosa quanto às formas de expressão do Barroco.
            Cláudio Manuel da Costa foi o fundador do Arcadismo no Brasil.
            Equivalente a bucolismo, o fugere urbem (fuga da cidade) traduz uma vida simples e natural, no campo, longe dos centros urbanos. O áurea mediocritas (vida medíocre materialmente, mas rica em realizações espirituais) é a idealização de uma vida pobre e feliz no campo, em oposição à vida luxuosa e triste da cidade.
            A literatura árcade foi bastante influenciada pelas ideias do Iluminismo, movimento filosófico que, entre outras coisas, defendia o uso da razão, a igualdade de direitos entre os cidadãos e a liberdade de expressão.
            O Neoclassicismo ou Arcadismo é um movimento literário que procura resgatar os princípios do Classicismo do século 16. Além dos temas do Classicismo, o Arcadismo também incorpora entidades da mitologia pagã e imita os procedimentos formais daquele período.
            Nos poemas árcades, o poeta não fala dos seus próprios sentimentos. Ele sempre dá voz a um pastor, que confessa seu amor a uma pastora e a convida para aproveitarem a vida em meio à natureza (carpe diem).
            O cientificismo teve grande importância na vida cultural do século 18. Este século é chamado de Século das Luzes ou Idade da Razão. A luz sugere que todos podem obter conhecimento por meio da ciência. O iluminismo combate a mentalidade religiosa imposta pela Contra-Reforma, as sombras representam a fé, ou seja, a crença sem comprovação científica.

Português – Linguagens. William Roberto Cereja. Editora Saraiva. Capítulo 27

segunda-feira, 11 de julho de 2011

PORTUGUÊS - 6. Língua: uso e reflexão. Introdução à estilística: figuras de linguagem

Eu lírico é a voz que fala no poema.
Figura de linguagem é uma forma de expressão que consiste no emprego de palavras em sentido figurado, isto é, em um sentido diferente daquele em que convencionalmente são empregadas. É empregada quando se quer tornar mais expressivo o que se quer dizer. São utilizadas tanto na língua escrita quanto na falada: criam significados diferentes.
Comparação é a figura de linguagem que consiste em aproximar dois seres em razão de alguma semelhança existente entre eles, de modo que as características de um sejam atribuídas ao outro, e sempre por meio de um elemento comparativo expresso: como, tal qual, semelhante a, que nem, etc.
Metáfora é a figura de linguagem que consiste no emprego de uma palavra com sentido que não lhé comum ou próprio, sendo esse novo sentido resultante de uma relação de semelhança, intersecção entre dois termos.
Metonímia é a figura de linguagem que consiste na substituição de uma palavra por outra em razão de haver entre elas uma relação de interdependência, inclusão, implicação. Ocorre quando empregamos:
- o efeito pela causa e vice-versa:
Conseguiu sucesso com determinação e SUOR (trabalho)
- o nome do autor pela obra:
Ler GUIMARÃES ROSA é desafiante (a obra)
- o continente (o que está fora) pelo conteúdo:
Você já tomou DOIS COPOS, agora chega. (a bebida)
- a marca pelo produto:
Para dar brilho, use BOMBRIL (uma palha de aço)
- o concreto pelo abstrato:
Trata-se de um papo-CABEÇA (intelectual)
- o lugar pelo produto característico de determinado local:
Quero tomar um PORTO na temperatura certa (vinho do Porto)
- a parte pelo todo:
Nunca tive um TETO próprio (casa).
- o singular pelo plural: o FRANCÊS cultiva a arte culinária (os franceses).
- a matéria pelo objeto: Ao cair da tarde, o BRONZE soa lento e triste. (o sino).
Antítese é a figura de linguagem que consiste no emprego de palavras que se opõem quanto ao sentido: Te faz BEM tanto quanto MAL...
Paradoxo é a figura de linguagem que consiste no emprego de palavras que, embora opostas quanto ao sentido, se fundem em um enunciado: ...é ferida que se dói e não se sente, é um descontentamento contente...
Personificação ou prosopopéia é a figura de linguagem que consiste em atribuir linguagem, sentimentos e ações próprios dos seres humanos a seres inanimados ou irracionais. Nas fábulas a personificação é abundante, uma vez que nelas os animais falam, pensam, brigam, têm sentimentos, emoções.
Hipérbole é a figura de linguagem que consiste em expressar uma ideia com exagero: Queria querer gritar setecentas mil vezes...
Eufemismo é a figura de linguagem que consiste no emprego de uma palavra ou expressão no lugar de outra palavra ou expressão considerada desagradável ou chocante: Entregar a alma a Deus. (morrer).
Ironia é a figura de linguagem que consiste em afirmar o contrário do que se quer dizer.

Português - Linguagens. William Roberto Cereja. 1º ano Ensino Médio - Editora Atual.

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